sábado, 29 de dezembro de 2007


O percussionista Alex Holanda é provavelmente o mais versátil instrumentista que eu conheci. Qualquer objeto, por mais imprestável que seja, vira na mão dele um instrumento musical. Pode ser uma quartinha, um bule, uma lasca de madeira, enfim, de tudo ele tira um senhor som. Ao Alex eu devo a primeira gravação de música minha, ´Ocean Avenue´, inserta no CD ´Almost Midnight´, do Midnight Quartet. Mostrei a ele as três partes que eu havia composto e ele gritou de lá: ´Está pronta. Posso gravar´? Claro que eu concordei. Marcamos encontro para a semana no escritório do maestro Toni Maranhão, que cifraria a melodia. Dessa gravação participaram também o próprio Toni Maranhão e o baixista Jerônimo Neto, além do próprio Alex.

Todos os meus colegas de profissão são íntegros (desculpem a falta de modéstia, mas os que não são íntegros, não os tenho como colegas). Gervásio de Paula é, seguramente, um dos que possuem maior grandeza interior. Pensamento constante nos menos afortunados, preocupação permanente com o semelhante, incapaz de prejudicar alguém. Desprendimento que não se encontra facilmente. Certa vez, necessitando tomar um medicamento caríssimo cuja fila para sua obtenção nos órgãos oficiais era quilométrica, três amigos conseguiram-lhe algumas doses. E, mesmo diante da urgência, sob pena mínima de ficar sem voz e máxima de morrer, Gervásio agradeceu e recusou, justificando que não seria correto passar na frente dos outros só pelo fato de ter amigos influentes. Nas relações de trabalho, ele sempre me ajudou muito e até já cobriu minhas férias, não bastasse termos vivido juntos a prazerosa e inesquecível aventura do ´Pixote´. De resto, um amigo e tanto.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007


30 Anos. Barcelona, capital da Catalunha, 1986. O pintor uruguaio Pablo Manyè convidou-nos a visitar uma Plaza de Toros. Sabia que não iria gostar, porém seria por demais indelicado recusar. A tourada não é propriamente o forte daquela região. Em outras partes do território espanhol ela é, digamos, mais forte e sangrenta. Apesar disso, detestei. Primeiramente porque acho uma covardia com o touro, bastante ferido por lanças de cavaleiros antes da entrada do astro (toureiro) na arena. Depois, ainda que não fosse uma luta desigual, o touro não foi consultado, logo, não está ali por vontade própria. Confesso que por vezes tive vontade de sair, mas não quis fazer desfeita com quem tão generosamente nos ciceroneava. Alguns dias depois, nosso grupo se desfez, um para cada lado. Fiquei mais um tempinho, desta vez em Mataró, nas cercanias de Barcelona, hóspede de Pablo, amizade preciosa até hoje cultivada apesar da distância física.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007


Quase tudo eu devo a alguém. O senso de humor, imprescindível principalmente nos momentos mais graves, eu aprendi com os criadores da mais inteligente revista em quadrinhos que conheci, ´Asterix´. Estou me referindo aos gauleses René Goscinni e Alberto Uderzo. Mas isso não é tudo. A visão crítica é ingrediente de inegável importância. Na leitura, me apurei no ´Pasquim´, já a partir da metade da primeira fase. Foi lá que aprendi a admirar Ziraldo, Ivan Lessa, Fausto Wolf, Jaguar e tantas outras figuras de proa que fazia jornalismo alternativo, do qual anos mais tarde eu faria parte com o ´Pixote´. Entanto, na convivência, muito aprendi com o meu saudoso amigo Fábio Ginelli, engenheiro-eletricista, de bom gosto indiscutível e apuradíssimo discernimento crítico. Fábio sabia como poucos dominar o medo, transformando-o em coragem mais do que lúcida e sensata. Um cara do bem.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O carro de todos os anos


Tive momentos de criação publicitária. A que eu mais gostei foi para o melhor carro brasileiro da época, o Opala, primeiro de passeio fabricado pela General Motors, que circulou de 1968 até 1992. Em 1984, bolei uma campanha cujo mote era ´O Carro do Ano´, escolha anual das revistas especializadas. Consistia em mostrar, em perfeito estado de convervação, os Opalas de cada ano: 1968, 1969, 1970, 1971 e assim por diante... E apenas uma frase: Opala - O Carro de Todos os Anos. A campanha não vingou, nem mesmo chegou a ser oferecida. Mas eu curti muito tê-la bolado.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007


Na época em que fiz assessoria para o restaurante Casa Nostra, o então prefeito de Fortaleza Ciro Gomes era freqüentador assíduo. Certo dia, em meio a especulações sobre sua saída do cargo para disputar o governo do Estado, perguntei-lhe se ia deixar a Prefeitura. Eis a resposta: ´Não, porque o meu compromisso é com a população de Fortaleza que me elegeu´. Insisti: ´E se o senhor mudar de idéia´? E ele: ´Se eu mudar de idéia prometo que você será o primeiro a saber´. Pouco tempo depois, Ciro anunciava a saída para concorrer ao governo, cargo sonhado por Sérgio Machado mas nunca prometido por Tasso Jereissati. Na coluna ´É...´, escrevi: ´Ciro deixou a Prefeitura e eu não fui o primeiro a saber como ele prometera. Em compensação, também não fui o último. O último foi o Sérgio Machado´.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Inafiançável


No programa Altas Horas, de Serginho Groismann, na Globo, presenças de Elba Ramalho, Lulu Santos e Cláudia Leite, foi mostrado trecho de uma apresentação em que a estrela do Babado Novo assassinava a música "Você", de Tim Maia. Não é prudente para quase ninguém se aventurar em músicas que receberam a interpretação de Tim, principalmente cantores cujos dotes passam bem longe dos do inesquecível artista.

É muito importante até hoje a figura do jornalista-diagramador. Avaliem há dez, 20 ou 30 anos. É o diagramador que dá a feição gráfica às matérias e às colunas, além de calcular os espaços. O meu primeiro foi Vicente Paulo Mota, hoje vitorioso empresário do setor gráfico, a quem já me referi nestes ´30´. Vieram muitos outros: Manoel Martins, publicitário e fazendeiro, Glauco Bezerra (um dos mais perfeitos traços que conheci), Raimundo Filho, Chico Macedo, Luís William e mais recentemente kelma Coutinho, Adriana Rodrigues, Chagas Neto, Wilton Bezerra, Amauri Taumaturgo e um ou outro que a memória possa ter me aprontado, mas que nada me impede de lembrar mais adiante.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Macaca de auditório

Este blog em fase experimental terá várias seções. E aí está uma delas, que se pretende platéia. Lily Carvalho vê e escuta quase tudo. E dirá.
(A logo é uma bolação do consagrado diretor de arte Kleyton Mourão)



Sempre fui noveleira. A novela me ajuda a relaxar entre um trabalho e outro. Só que de uns anos para cá não está mais dando para assistir. São tramas repetitivas, sem criatividade, com situações que passam longe da lógica. Autêntica brincadeira sem futuro. Além disso, ninguém é considerado criminoso nas novelas. No final, quem comete atrocidades quando muito é considerado louco e vai para o hospital. Ah, quanta saudade sinto de O Bem Amado. A Globo bem que poderia relançá-la em DVD.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007


Fui, sim, parte de motivo de estudo de uma monografia de conclusão de curso (Comunicação Social, da UFC). É da jornalista (e hoje professora da Unifor) Adriana Santiago, intitulada ´Igreja Universal do Reino de Deus x Diário do Nordeste: A Cobertura Jornalística e a Contribuição do Colunismo´. No Capítulo III, 1. ´Artilharia Pesada da Coluna É...´ 1. 1. ´A coluna não se limitou a opinar´. Adriana Santiago me presenteou com um exemplar de seu trabalho com generosa dedicatória: ´Ao melhor objeto que eu poderia ter encontrado. Pela criatividade, desprendimento e coragem´.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Derrocada de sucesso


É tamanha a força do Corinthians que o seu rebaixamento para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro foi notícia quase na mesma proporção do título (de bicampeão brasileiro e não penta, como insistem alguns setores passionais ou desinformados da imprensa) conquistado pelo São Paulo, na verdade cinco vezes campeão, mas apenas uma seguida da outra. E chegou muito perto em termos de espaços na mídia.

Geralmente, o torcedor se preocupa apenas em saber se está sendo formado um time competitivo, apto a ganhar campeonatos. Pouco se toca com a qualidade moral dos dirigentes. E o que já aconteceu com muitos clubes, chegou ao Corinthians, com a formação de uma quadrilha internacional, com origem inclusive na máfia russa. Aos torcedores, e não apenas aos Conselhos Fiscais ou Deliberativos, compete fiscalizar a ação dos dirigentes. É a tal história: se o boi conhecesse o seu poderio físico, não haveria cerca ou ramalho que o aprisionasse.

O Corinthians necessita de uma ampla reformulação, não apenas dentro de campo ou na comissão técnica, mas nos altos escalões. Ele, a maioria dos clubes e, principalmente, a CBF (também conhecida como Central Brasileira de Falcatruas) e as federações.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

A rigor


Sempre fui muito rigoroso comigo mesmo em relação às minhas obrigações profissionais. Tanto que nesses quase 26 anos (a serem completados no próximo 19 de dezembro) do Diário, a minha coluna só não ´foi ao ar´ em duas ocasiões. A primeira, ainda nos anos 80, porque, numa quarta-feira de cinzas, a direção decidiu que o Caderno 3, à época 2º Caderno, circularia apenas com a cobertura do carnaval, quer dizer, sem as colunas. A outra, já nos 90, teve a ver comigo. Era sexta-feira e eu tinha que fechar três colunas do Lúcio Brasileiro, que estava viajando, e duas minhas. Cedinho da manhã, eu havia me submetido a um incômodo exame de endoscopia que me deixou nauseado o dia inteiro. Concluí as três colunas do Lúcio e a minha de sábado. Quando ia começar a de domingo, a fraqueza bateu e eu desmaiei, somente acordando às quatro da manhã, totalmente atordoado. Mesmo sem culpa, demorei a me perdoar...

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Os bares da (minha) vida


Bem no comecinho era o Escorrega lá vai um, na Praia do Náutico, vizinho à vila de pescadores, onde se sorvia uma deliciosa caipirinha de maracujá. Bem mais à frente teve o Le Snak, de nome pouco criativo mas com ótima freqüência madrugada adentro, bebida honesta, tira-gostos e sanduiches saborosos. Já nos anos 90 fiz do Coração Materno minha casa noturna. O dono era uma grande figura, Nonato Freire, que mais tarde seria secretário de Cultura de sua terra, a Bahia. Certa vez, fui ao Coração Materno e bati a cara na porta, como se diz. Na ida seguinte disse ao Nonato: ´É pior ser traído pelo bar do que pela mulher que se ama. Porque sendo traído pela mulher, a pessoa vai ao bar. E sendo traído pelo bar, vai pra onde´? Nonato deu uma sonora gargalhada.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Logo no começo, a ´É...´ só trazia charge nas edições de sábado, domingo e segunda. Depois passou para a semana inteira. O primeiro chargista das minhas colunas foi o Maurício Silva, que revezou com muitos outros. Teve o Éris, de fino traço, o premiado Newton Silva, linhas fortes e marcantes. O Glauco também freqüentou e por vezes fizemos parceria. Wagner Rocha, do ´Jornal da Praia´ e que depois colaborou nas tirinhas do ´Pixote´, criador do divertido personagem Brasilzim. Thyago, hoje nas tiras do ´Zoeira´, começou comigo e até ganhou prêmio nacional. Klévisson, maravilhoso, também andou por lá. Aos citados e a um ou outro que eu possa ter omitido, credito boa parte do público conquistado.



Na imagem, Newton Silva e suas famosas baratinhas.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A charge é tão importante para mim que uma vez a ´É...´ saiu sem e lá no final eu escrevi: ´A coluna de hoje foi produzida originariamente em preto e branco´.



Charge do Maurício Silva, sempre presente na coluna É.

Quem me marcou muito no início da carreira foi o jornalista Ezaclir Agarão, que conseguiu convencer o empresário Edson Queiroz a embarcar em uma aventura cinematográfica, produzindo ´O Homem de Papel´, todo rodado em Fortaleza, com Vera Gimenez (mãe da apresentadora Luciana Gimenez), Jece Valadão, José Legoy e o próprio Ezaclir, que dirigiu. Se a memória não me trai, aparecia também o radialista Narcélio Limaverde apresetando um telejornal. Ezaclir editava o caderno FS (Fim de Semana), no jornal O Povo. E eu, à procura de um lugar ao sol. Chamou-me à sua sala e me pediu para elaborar uma página. Fiz um esboço a mostrei a ele que foi logo dizendo: ´Você acaba de me provar que tem sensibilidade jornalística´. Não cheguei a trabalhar com Ezaclir, porque preferi seguir com o meu irmão. Mas dele guardo ótimas lembranças.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007



Muitos me abordam perguntando se já me senti tentado a disputar mandato eletivo. Não me senti, não me sinto e jamais me sentirei. Primeiro, por falta de vocação, embora tenha minhas dúvidas se conseguiria ser tão inútil quanto tantos outros que existem por aí. Depois, total ausência de apetite para a atividade. E posso alardear na plenitude a minha recusa, porque já me foi oferecida candidatura à Assembléia Legislativa, com reais chances de vitória. Deixa estar, vou ficando por aqui, que aqui é o meu lugar.

Meu irmão Lúcio Brasileiro marcou muito a minha carreira, não apenas por me ter lançado na profissão (fato já relatado nesses ´30´) mas também pela convivência recheada de fascinantes conversações. Lúcio consegue ser ao mesmo tempo emotivo e pragmático. Certa vez, em nosso (dele) escritório, me comunicou que havia feito um tipo de seguro e me colocado como beneficiário. Como não gosto desse tipo de assunto, perguntei, preocupado: ´Irmão, você está falando dessas coisas que a gente recebe quando o outro morre´? E ele, levando completamente para o outro lado: ´É, meu irmão, mas pode ser amanhã´...

quinta-feira, 22 de novembro de 2007


Era o começo do fim da ditadura, com muitas resistências ainda. Eu trabalhava na Câmara dos Deputados e escrevia coluna semanal. Aos gabinetes dos deputados começaram a chegar envelopes contendo fotos de dom Ivo Lorscheider, primo de dom Aloísio, aos beijos com uma mulher em uma sala de cinema. Montagem grosseira para comprometer os religiosos que haviam feito a opção pelos pobres. Ao ver as fotos, dom Aloísio comentou: ´Se fosse eu, ainda se poderia aceitar. Afinal, sou bonitão e cheio de vida. Mas o Ivo, sem condição´. Certa vez, estava com familiar doente em estado delicado na Casa de Saúde São Raimundo. Dom Aloísio foi ao quarto e orou. Fiquei emocionado e o meu familiar, curado.

De música e amigos


Era um domingo ensolarado. Telefonei ao Nonato Luiz e o convidei para irmos passar o dia na casa do pianista Ricardo Bezerra (e Bete), na Maraponga, para onde também se deslocaria a cantora Amelinha. Peguei Nonato (com o violão), comprei algumas cordas de caranguejo e fomos. Quem apareceu por lá foi o cantor-compositor Alceu Valença, que tinha feito duas apresentações no José de Alencar. Nonato, feliz por ter sido apresentado a Ricardo e Amelinha, tocou, emocionado, para Alceu, a quem pediu uma ´canja´. O renomado cantor pernambucano, visivelmente em fase de astral não muito alto, se recusou, deixando o clima bem ruinzinho.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

30 anos

A profissão me ensejou grandes amizades. Uma delas seguramente é Ruy Lima, que conheci no começo do Diário do Nordeste, eu nesta coluna e ele na editoria Nacional e Internacional. Ruy galgou os mais altos escalões do jornalismo de TV, chegando a ser um dos quatro editores de rede do Jornal Nacional, no auge. Cobriu Copa de Futebol, Olímpiada, redemocratização (e eleições) na Argentina, Chile e Uruguai, esteve em Cuba no restabelecimento das relações do Brasil com aquele País. Implantou aqui a TV Jangadeiro e a TV Manchete, onde logo virou repórter nacional. Ruy está de volta ao Ceará, terra que adotou, mais um desafio na TV O Povo.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Famosos em casa II


A múltipla e sensacional artista Bibi Ferreira, quando veio encernar ´Piaf´, fazia suas refeições no Casa Nostra. Uma noite fui até a mesa para cumprimentá-la e fiquei emocionado com tamanha simplicidade e com o brilho no olhar. Mais tarde, indaguei do garçom Bernardo o que ela tinha jantado e logo passei a informação para a coluna do Lúcio Brasileiro (eu era assessor do restaurante, como já disse em edições passadas). Dois dias depois, Bibi chamou o Bernardo e disse: ´Você, hein, contou para o Lúcio o que eu comi´...

Famosos em casa


Era início da noite de uma quarta-feira quando o telefone do Casa Nostra toca. Atendo e constato que do outro lado estava nada menos que Pelé, querendo uma mesa de quatro lugares. Anotei a reserva, mas, precisando me ausentar, não pude esperá-lo. Prejuízo meu. No outro dia soube pelos funcionários que o rei, acompanhado da cearense Flávia Cavalcante, então Miss Brasil, e de familiares dela, havia dado um show de simpatia, inclusive se deixando fotografar com todos. O mais feliz era o chef Mestre Antônio, formidável criatura, que ainda hoje guarda a lembrança, fazendo questão de mostrar a todos que o visitam.

Casa Nostra


Tarcizo Azevedo me indicou a Raimundinho Feitosa, na época inaugurando um ótimo restaurante italiano, o Casa Nostra. Fui conversar apenas por educação, já que não me empolgava ser assessor de Imprensa nem relações públicas, embora se tratem de profissões dignas como qualquer outra. Entanto, me encantei de saída com o Raimundinho e com a casa, sem falar no pessoal, distinto e atencioso. Por isso aceitei. E, cá pra nós, modéstia de lado, sou um ótimo assessor. Jamais mandei a mesma informação para mais de um jornalista. Se aparecia lá uma autoridade da política, eu conversava, tirava informações e distribuía. Do empresariado, idem. A discussão para o meu reajuste salarial se dava em uma mesa externa, no chamado Salão Sanhaçu. Durante rodadas de chope, Raimundinho escrevia em um papel quanto pretendia pagar e eu escrevia em outro papel quanto achava que merecia receber. E sempre bateu.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007


Quando Deus achar por bem me levar desta para uma igual ou provavelmente melhor, recomendo aos que gostam de mim que não lamentem, e aos que desgostam, que não comemorem. É que de uma forma ou de outra eu estarei muito feliz, como sou agora.

De ídolo a herói


Depois de Gildo (Fernandes de Oliveira), meu maior ídolo em futebol foi Reinaldo, do Atlético Mineiro e da Seleção Brasileira. Certa vez, em um sítio nas imediações de Messejana, Fagner ofereceu um churrasco aos jogadores que aqui vieram a seu convite para uma ilustrada ´pelada´ no Castelão. Lembro-me bem de Reinaldo, Éder e Sócrates. O sítio tinha uma pequena piscina, quase um tanque. Fui me refazer com o banho e aproveitei para nadar um pouco por baixo dágua. Calculei mal a distância e fui de testa no azulejo. Com o choque, desmaiei e afundei. Não havia chegado o meu dia. Reinaldo chegou no exato momento, nenhum segundo a mais, nenhum minuto a menos, me viu no fundo da piscina e rapidamente mergulhou, salvando a minha vida.

Na imagem: Sócrates, Reinaldo, Mino, eu e Fagnólia

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

De música e amigos, dois tempos.


1 - Em 1987, o correto homem público pernambucano Marcos Freire morria em acidente aéreo no Sul do Pará. Logo pensou-se em sabotagem, porque Freire estava determinado a fazer a reforma agrária que até hoje ´tartarugueia´. Veio a versão de que o acidente havia sido provocado por um passarinho. Nota que dei na ´É...´ : ´O poeta Fausto Nilo teve premonição ao escrever ´Lua do Leblon´, música de Lisieux Costa: ´Mas há um pássaro que vence um avião/ por quem Picasso explodiu seu coração´... Certa vez, segunda metade dos anos 90, consultei Fausto sobre a possibilidade de ele colocar letra em uma melodia minha. Eis a resposta: ´Você é meu amigo, mas vai ter que entrar na fila como todo mundo´. Fausto foi justo, mas como tenho total aversão a fila, embora faça questão de respeitá-la, a música acabou sendo gravada em CD instrumental, outra história.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

30 Anos


Certa vez estava com as mãos na cabeça: prazo final para entregar a declaração do Imposto de Renda e eu, incapaz de elaborá-la (todos são, afora, claro, os especialistas), cheio de trabalho e ainda com duas meninas pequenas precisando de minha orientação nas tarefas escolares, tive uma idéia luminosa: telefonar para o meu amigo Edilton Urano, craque na matéria. Pelo telefone mesmo fui passando as informações e o Edilton vinha de lá com os dados necessários ao preenchimento. Desconheço caso igual.

30 Anos


Primeira metade da década de 80. Havia um deputado estadual e coronel chamado Orzete Philomeno Gomes. Na época se discutia o restabelecimento das eleições diretas para presidente. Na página de Política do ´Diário´, saiu uma declaração de Orzete: ´Sou contra eleições diretas porque o povo não sabe votar´. Na Coluna É..., que ainda não era assinada, eu escrevi: ´É incrível, mas o deputado admite que o povo que o elegeu não sabe votar. E não deve saber mesmo´. No mesmo dia, o repórter da Editoria de Política Paulo Ernesto Serpa foi à Assembléia. O coronel Orzete o chamou à sala, pediu para a secretária sair, fechou a porta e perguntou quem havia escrito a nota, para fazer a pessoa engolir o jornal, enquanto amassava o exemplar em tom altamente ameaçador. Paulo Ernesto, formidável criatura, nada disse. Entanto, eu telefonei para o gabinete de Orzete e deixei o recado com a secretária: ´Diga ao deputado que a nota foi escrita por mim, Neno Cavalcante. E que eu estou todos os dias aqui na redação do ´Diário do Nordeste´´.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

De autor a personagem


Foi a publicitária Ângela Borges que me ensejou uma das amizades mais fascinantes, José Simão, o articulista do riso da ´Folha de S. Paulo´. No particular, o ´Macaco´ que faz o Brasil inteiro rir com suas tiradas geniais, é uma criatura indignada com as desigualdades e as injustiças sociais. Na semana passada, publiquei uma das duas referências que ele me fez. Agora, a outra: ´Como diz o Neno Cavalcante lá do Ceará, NÃO ME PERGUNTEM ONDE VOU PASSAR O CARNAVAL´! Os leitores entupiram o e-mail do Simão com essa pergunta. Grande curtição.

Por vezes vi jornalista metido a auto-suficiente dizer que não precisa da Revisão. Talvez seja o que mais necessite. Fazer pouco caso da Revisão e até cometer injustiça com esses dedicados profissionais é até hoje prática de alguns desavisados. Estou noutra. Minha relação com os revisores sempre foi de respeito e camaradagem. E acima de tudo humildade quando corrigido. Do comecinho lembro-me do Segundo (Francisco Gomes), mas convivi com muitos outros que passo a citar me penitenciando por eventual omissão: Francisco Garcia, Vânia Monte, Lucia Coelho, Socorro Cunha, Vessilo Monte (além de revisor, conselheiro intelectual), Macedo, Eduardo Solon, Chico Carvalho, Marcos Castelo, além da maravilhosa jornalista e professora Eleuda de Carvalho e o agora premiado escritor (biógrafo) Lira Neto. Minha coluna não passa mais pela Revisão. Talvez por isso eu tenha recentemente acentuado indevidamente a expressão ´aversão à fila', pelo que agora peço desculpas.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mestre e Amigo


Dedé de Castro estava um dia na chefia de Reportagem (ele é editor de Pautas, o melhor pauteiro que conheci) quando de repente entra na redação um homem parrudo, cara de nenhum amigo, soltando fogo pelas ventas. Bradava que iria processar o jornal por o haver acusado de receptar carros roubados, segundo ele uma inverdade, pois não sabia que eram produto de roubo. Dedé, corpo franzino, mas com uma força interior de gigante, disse: ´Nenô, vou até lá ver o que aquele cabra quer´. Grosseiramente, o homem disse de sua ira. E Dedé fez-lhe uma pergunta: ´Qual a sua idade, cavalheiro´? - Trinta e cinco, respondeu. ´E quantos carros o senhor comprou, sem saber que eram roubados´? - Dezesseis. E Dedé fulminou: ´Engraçado, eu tenho 60 anos e nunca me foi oferecido um só carro roubado. No entanto, ao senhor, que tem apenas 35, ofereceram 16´... Murcho, o sujeito abaixou a cabeça e saiu pela mesma porta por onde jamais deveria ter entrado.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

A gente se vê...


Não faltou quem me perguntasse se imitei a TV Globo ao encerrar o Teveneno dizendo: ´a gente se vê por aí´. Quero deixar claro que sigo com o meu feijão com arroz, feliz da vida, mas nunca imito coisa alguma nem ninguém. O que faço de positivo ou negativo é por mim mesmo. Também não quero ser pretensioso e acusar a grande rede de TV de haver me imitado. Lembro, apenas, que digo ´a gente se vê´ por aí desde o início do programa, em agosto de 1993, na Manchete. E que a globo passou a adotar o jargão ´a gente se vê por aqui´ na mensagem de final de ano, em 2000.

Quando eu ainda não tinha o registro de jornalista na DRT fui, a exemplo de outros colegas, muito perseguido pelo Sindicato, atitude que não censuro, a entidade estava no papel dela. Alguns anos mais adiante, já devidamente provisionado, recebi honroso - embora até certo ponto atemorizante - convite para participar de um programa que a professora Adísia Sá fazia, comecinho do dia, na AM do Povo: ´Olho no Olho´. Acordei às cinco da manhã e procurei nem pensar que dentro de duas horas eu estaria diante da grande mestra de gerações. No estúdio, a presença do jornalista Nonato Albuquerque - que a sucedia no horário -, como espectador, regozijo meu. Adísia foi (é) um doce, mas perguntou tudo. E no finalzinho disse: ´Como sindicalista persegui você pela falta do registro profissional, imaginando que você era mais um daqueles que ingressam no jornalismo para tirar proveitos pessoais. Hoje me penitencio, porque sei que estou diante de um jornalista de verdade´. Adísia não me devia essa explicação que tanto me felicitou. E ainda saí com um mimo: a cópia do programa em uma fita cassete.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

30 Anos. De profissionais indispensáveis.


Teria sido complicado trabalhar como jornalista e ao mesmo tempo criar duas filhas pequenas se não contasse com ajuda. A mais valiosa veio de uma criatura maravilhosa chamada Maria Gleucimeires do Amaral, filha de Itarema e indicada a mim pela prestativa Zilda, funcionária de minha amiga Maninha Morais, ex-Coelce e Theatro José de Alencar e hoje tocando o Centro Dragão do Mar. Greuça, como a chamamos, morou lá em casa. Cuidava das meninas com um carinho impressionante e ainda arrumava o apartamento e providenciava as refeições. Permaneceu muitos anos (não sou nada competente em matéria de datas precisas) conosco e só saiu porque tinha uma missão a cumprir em sua cidade. Tenho por ela uma enorme gratidão.

Barrados no baile


Barcelona, 1986. Estávamos eu, meu ´patrocinador´ e irmão Lúcio Brasileiro, Edilmar e Lucila Norões, Luís e Lorena Frota, e Tarcizo Azevedo e Inês Romano, na época casados. Saímos noite adentro e deparamos com uma boate com cara de pouco convencional. Tentamos entrar mas não havia venda de ingressos. O jeito foi argumentar, que éramos do Brasil e queríamos conhecer a boate. Todo o falatório foi em vão, nenhuma carteira sensibilizou o sisudo porteiro. De repente, aparece atrás de nós um punk que mais parecia um pavão. Quando o avistou, o chefe da portaria praticamente nos empurrou para que abríssemos passagem. E o punk entrou sem nenhum problema. Lúcio era o que mais ria, adora Barcelona porque lá ele não é nada além de uma pessoa comum ou até, como foi neste caso, menos que isso. E logo propôs irmos a um bar bebericarmos à frustração.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Clarear

Clarear, doce clarear/Onde muitas noites iluminaram as mentes/Com a parte visivel da lua/Aquecendo o frio nunca adormecedor/Até o sol curioso chegar.

Quem dera o abrigo
amarelar de novo/Com o gemido
suave dos corpos/E a groselha
cheirosa do gozo/No vai e vem
das musas /Amadas,abençoadas e sacramentadas/ Pela arenosa aurora da maresia.

Calor de bebida/Cheiro de peixe/
Fome de amor/Arrepiar de brisa/Num mar que se faz cardiotônico/Ao nos estimular à entrada/ No santuário do ventre.

Em tudo isso Clarear nos conduziu/Ilusoriamente alegre/
E mais moços/Enquanto a cruel
realidade/ Não nos fez o saudoso/
retrato de Dorian Gray.

Uma das primeiras barracas dia e noite da parte conhecida como nova da Praia do Futuro foi a Clarear, minha e do meu irmão Roberto. Amarelinha, entre o Karlux e o mar, quase em linha reta com o hotel Toaçu, que ainda não existia. Ali circulavam figuras do jornalismo e das artes - plásticas, cênicas e musicais. Lembro-me por agora de Ronaldo Salgado, Emília Augusta, Gervásio de Paula, Chico Pio, Manassés, Dedé de Castro, Ricardo Guilherme e Rogaciano Leite Filho, que merecerá um capítulo especial nesses singelos relatos de três décadas. Voltando à Clarear, lembro-me de que certa vez faltou no comércio a carne de caranguejo. Roberto e eu lançamos o casquinho de arraia que, bicudo na modéstia, foi um tremendo sucesso. Durei pouco no negócio, não mais do que três meses. Meu irmão suportou mais tempo.

A poesia é presente do grande amigo, grande ser humano e frequentador da Clarear, Gervásio de Paula.


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Velho Briza



Um dos momentos de grande emoção de minha carreira foi a entrevista com Leonel Brizola no programa Paulo Oliveira, cedinho da manhã, na Verdinha. Comecei pedindo que ele explicasse a relação com Fernando Collor, que maldosamente tentaram conduzir para o lado político-fisiológico, mas que foi somente administrativa. Nenhuma indicação para cargos federais. Desconheço alguém que tenha combatido mais intensamente Collor do que Brizola, mas, desgraceira feita, competia a um governador responsável relacionar-se administrativamente com o presidente da República. Para vocês terem uma idéia, ouvi gente que jamais votou em Brizola, e em Collor, sim, dizer o seguinte: ´Nunca mais voto no Brizola, porque ele fez acordo com Fernando Collor´. Quanta hipocrisia. Retomarei. Na foto: eu, Brizola e minha filha Marcela.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

De música e amigos


Era década de 90 e Fortaleza recebia o grande Ray Charles em apresentação única no Obá-Obá, onde hoje funciona a Siará Hall, igualmente civilizada. Assisti com alentado grupo, platéia atenta, como advinhando que seria a oportunidade única de ver o grande astro da música soul na cidade. Na abertura, Manassés, notável violeiro. Jamais esquecerei a figura de Ray e seus músicos se deliciando com o dedilhar do maranguapense em ´Bolero de Ravel´. Bastante tempo à frente, Manassés tocaria de forma magistral a música ´Nós Um´, minha e de Márcia Thé, inscrita em um festival e posteriormente gravada e dando nome ao disco da ótima cantora Teti, mas aí são outras histórias.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

De bens preciosos


A profissão me ensejou grandes (qualidade e não quantidade) amizades. De momento cito o empresário e pensador sobralense Luís Frota Carneiro, casado com uma mulher maravilhosa que é a gaúcha Lorena Bossardi, união que rendeu filhos de primeira linhagem. Luís tem uma virtude que raramente encontramos: pensa por conta própria e tira conclusões inteligentes qualquer que seja o tema. Para ele, a substituição no Pai Nosso da expressão ´perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos os nossos devedores´ pela ´perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos os que nos têm ofendido´ foi obra de algum credor temendo calote. Extremamente solidário, Luís é capaz de advinhar até o que os amigos ainda vão desejar.
A seguir, série de anúncios feitos para divulgar a estréia do Teveneno na TV Diário. Quem aparece é: Ronaldo Salgado, Tom Cavalcante, Márcia Vidal e Dedé de Castro. Além de excelentes profissionais, são pessoas muito queridas.




De autor a personagem


Sim, fui citado inúmeras vezes pelos meus colegas. Regina Marshall chamou-me de inteligente, ela pode errar como todos nós, mas quando diz, está sentindo. Sônia Pinheiro, sempre generosa. Sebastião Nery fez uma coluna inteira inspirado em informação que dei sobre as crueldades cometidas por um ex-presidente do Banco do Nordeste cujo nome, em respeito a vocês, evito hoje em dia pronunciar. José Simão, da ´Folha de S. Paulo´, - grande figura - que eu saiba citou-me duas vezes. Por agora lembro apenas uma, quando morreu Mário Covas: ´Os tucanos enaltecem as qualidades morais do companheiro desaparecido. Lá de Fortaleza, Neno Cavalcante pergunta: ´Por que não seguem o exemplo´? Lúcio Brasileiro: ´Papeando na Volta da Jurema, Ivens Dias Branco, um amigo que eu tenho como irmão, e Neno, um irmão que tenho como amigo´.


Esta matéria foi veiculada em março de 1999 informando a estréia do Teveneno na TV Diário.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007


De música e amigos. Há algum tempo, Fagner me prometeu um violão. Como é muito apegado à sua coleção, até hoje não criou coragem de cumprir. E nem precisa, foi perdoado. Se não fosse por ele, talvez eu não tivesse sido apresentado a Patrícia Pillar, uma grandeza de simplicidade.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Do outro lado da janela


Na maioria das vezes a coluna é escrita na própria redação, mas também já foi concebida em outros lugares. No hotel do Rômulo Montenegro, grande figura, no Caça e Pesca, onde morei algum tempo, costumava redigi-la na piscina, para onde me dirigia todas as manhãs com a velha Remington, papel jornal, caneta e bloco com anotações. Tive também o privilégio de escrever em barraca de praia, um olho na máquina e outro no mar, ora verde, por vezes azul. Mas o local que me proporcionava melhor rendimento era no apartamento onde morava, na Praia do Futuro, mar igualmente à vista. Vários anos depois, fiz da sala de radiojornalismo (Verdinha) a minha redação, onde convivi com criaturas maravilhosas como Solon, Newton Sales, Silvinha, Evandro Nogueira, Magnólia, Cleílson...

Valeu a pena


A partir de 1984, casamento desfeito com Denise Xavier, grande amiga até hoje, no primeiro momento as filhas Lina, de dois anos e meio e Marcela, três e meio, ficaram mais comigo para que a mãe corresse atrás da profissão. Era raro o dia em que as meninas não passassem um período na redação, onde faziam as tarefas escolares em meio à confusão peculiar. Não podia dar outra: Lina formou-se em Jornalismo na Mackenzie (SP), trabalhou como repórter da editoria de Cultura da revista ´Época´ e hoje é freelance da revista TAM, enquanto busca o Mestrado em Letras. Marcela concluiu Publicidade e Propaganda na Unifor, pós-graduou-se em Marketing com ênfase em Serviços na Fundação Armando Alvarez Penteado, de São Paulo; especializou-se em Planejamento na Miami Ad School, conveniada no Brasil com a Escola Superior de Propaganda e Marketing e hoje atua no Departamento de Marketing do jornal Valor Econômico. Às duas eu devo, desde cedo, a tolerância e principalmente a compreensão de que o tipo de jornalismo que abracei traz inúmeras compensações, menos dinheiro.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Mais que lembranças


30 Anos. Fugaz e fascinante foi a convivência com o comandante Edson Queiroz, que madrugava no jornal, acompanhando tudo, da redação às impressoras. Até que no dia 8 de junho de 1982 aconteceu aquele acidente com o avião da Vasp na Serra de Aratanha, em Pacatuba. Dentro da aeronave, além de batalhadores cearenses do ramo da confecção, Edson Queiroz. Depois do choque pela perda que de tão perto nos dizia, tomou conta de nós o temor de que, sem o entusiasmo contagiante do timoneiro, não conseguiríamos seguir em frente. Paralelamente a isso, surgiram boatos de que o jornal deixaria de existir, o que foi veementemente desmentido por Dona Yolanda que prometeu tocar adiante o mais recente sonho do marido. E o comandante, de onde estava, deu a força necessária.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Passado presente


Era setembro ou outubro de 1981 quando fui localizado na oficina do cartunista Mino, onde costumava passar as minhas tardes, trabalhando e me deliciando com os desenhos. Era o Maurício Xerez, que viria a ser o primeiro superintendente do ´Diário´. Ele disse: ´Estamos formando a equipe e o seu nome é cotado para fazer uma coluna no 2º Caderno (hoje Caderno 3). Ao seu lado, estava o jornalista Hélio Passos. Que tipo de coluna? - perguntei. ´Do seu jeito e estilo´, disse. Fui conversar e aceitei. Até então, coluna minha mesmo, somente semanal. O desafio me fascinou.

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