quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Clarear

Clarear, doce clarear/Onde muitas noites iluminaram as mentes/Com a parte visivel da lua/Aquecendo o frio nunca adormecedor/Até o sol curioso chegar.

Quem dera o abrigo
amarelar de novo/Com o gemido
suave dos corpos/E a groselha
cheirosa do gozo/No vai e vem
das musas /Amadas,abençoadas e sacramentadas/ Pela arenosa aurora da maresia.

Calor de bebida/Cheiro de peixe/
Fome de amor/Arrepiar de brisa/Num mar que se faz cardiotônico/Ao nos estimular à entrada/ No santuário do ventre.

Em tudo isso Clarear nos conduziu/Ilusoriamente alegre/
E mais moços/Enquanto a cruel
realidade/ Não nos fez o saudoso/
retrato de Dorian Gray.

Uma das primeiras barracas dia e noite da parte conhecida como nova da Praia do Futuro foi a Clarear, minha e do meu irmão Roberto. Amarelinha, entre o Karlux e o mar, quase em linha reta com o hotel Toaçu, que ainda não existia. Ali circulavam figuras do jornalismo e das artes - plásticas, cênicas e musicais. Lembro-me por agora de Ronaldo Salgado, Emília Augusta, Gervásio de Paula, Chico Pio, Manassés, Dedé de Castro, Ricardo Guilherme e Rogaciano Leite Filho, que merecerá um capítulo especial nesses singelos relatos de três décadas. Voltando à Clarear, lembro-me de que certa vez faltou no comércio a carne de caranguejo. Roberto e eu lançamos o casquinho de arraia que, bicudo na modéstia, foi um tremendo sucesso. Durei pouco no negócio, não mais do que três meses. Meu irmão suportou mais tempo.

A poesia é presente do grande amigo, grande ser humano e frequentador da Clarear, Gervásio de Paula.


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