domingo, 11 de julho de 2010

Aprendizado extracurricular

Nada mais do que seis quilômetros estabeleciam a distância entre a morada e a descoberta. O destino era o Farol do Mucuripe, onde atuavam as profissionais do sexo. No meu tempo de adolescente, não havia risco de assalto, de modo que dava pra percorrer o trajeto a pé. Mas preferíamos juntar quatro ou cinco companheiros e rachar o táxi, pois os ônibus não circulavam na noite um pouco mais tardia.

Nos namoros da minha adolescência a parte mais quente era o beijo na boca. Selinho, nem tinha esse nome, o mais comum. Mas quando o relacionamento rolava mais tempo ousava-se o toque entre línguas, bom que só. Não indo além disso, nem era necessário esconder das namoradas o destino que tomaríamos após às nove ou dez da noite. Elas aquiesciam, entendiam o nosso lado.

As mulheres da vida, com quem todos se iniciavam, eram maravilhosas. Pacientes, ensinavam direitinho os traquejos, os primeiros passos. Sabiam ouvir e também falar na hora certa. Tinha um amigo meu que desabafava as fossas e ouvia conselhos, alguns até sábios. Generosidade à flor da pele. Elas preferiam os da nossa faixa etária, mais jovens, porque os de 35 anos em diante vinham sempre com aquela conversa mole de tirá-las do metier, torná-las senhoras respeitáveis. Tudo da boca pra fora, promessas que se dissolviam com o passar do efeito etílico. Muitas delas tinham esse sonho, mas todas sabiam ser irrealizável. Pelo menos se dependesse daqueles mal relacionados no próprio lar. Uma gente que não sabe de nada, não tem o que ofertar a não ser papo furado.

As cortezãs (eita, fui buscar o termo no tempo do Brasil Império!) eram tementes a Deus. Não havia dinheiro que as levasse para o quarto na véspera de Natal, embora fossem quase todas arrimo de família (no dia 25, as casas nem abriam). Elas recebiam a clientela educadamente e no muito aceitavam convite para dançar e jantar. Na Sexta-feira Santa, coisa alguma, nem conversa. Porém, após à meia-noite mais um minuto (saudade da boate da Glorinha, no Crato, que jamais frequentei), aí sim, o mundo voltava à condição de mundano.

Naquele tempo o vírus HIV ainda não havia sido “criado”. No máximo, se pegava o velho “esquentamento”, identificado facilmente após a ingestão de um copo do caldo-de-cana, reimoso e denunciativo desse e de outros males sexualmente transmissíveis, todos sem maiores consequências.

De algumas lembranças que guardo, posso garantir que aquelas mulheres de vida nada fácil nos ensinaram mais do que a profissão delas poderia sugerir. Parece que é daquele contato que o futuro adulto começa a se fazer gente.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Sai pra lá, satanás!

Aniversário (nefasto) do golpe - que alguns, por desinformação ou cretinice, chamam de "revolução" -, é importante lembrar que na campanha das Diretas já, a TV Globo e o seu Jornal Nacional (denominação imposta pelo patrocinador, o Banco Nacional), não bastasse ter se formado e feito vasto patrimônio no período da ditaduta militar-civil (péssimos militares e civis piores ainda) mentiu, omitiu, mentiu e omitiu. No grande comício da praça da Sé, em São Paulo, mais de um milhão de pessoas, pedindo a volta à democracia, o Jornal Nacional disse, descaradamente, que 500 mil pessoas compareceram para comemorar o aniversário de São Paulo. E nada mais. Depois que não puderam controlar a campanha das diretas, aderiram timidamente. Mas aí veio outra história. Outras sacanagens. E as sacanagens de antes e de depois, eu falarei oportunamente.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Nada a ver

Polícia Militar do corruptissimo governo do Distrito Federal é ao mesmo tempo a mais bem paga e truculenta do País. Logo, o salário não é tão determinante como muitos tentam fazer crer.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Depende de nós

O chato dos seriados é que sendo série, demoram para acabar. Mas têm um lado bom: sabendo que não são atraentes, basta não assisti-los. Como, aliás, tudo na vida, não adianta reclamar, basta não ver, não assistir, não ouvir...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


Bem que o BBB (Besteia muita³) podia se realizar na Fazenda. Quem ficasse na cidade, ficaria livre... Ficaria não. Além disso, coitados dos bichinhos e das plantas. Seria dosagem dupla. No Parajana, me perguntaram: quem você acha mais chato, Lily: o Brito ou o Bial? Difícil a resposta. Mas, entre nós cá... Brito.
Bem que o BBB (Besteia muita³) podia se realizar na Fazenda. Quem ficasse na cidade, ficaria livre... Ficaria não. Além disso, coitados dos bichinhos e das plantas. Seria dosagem dupla. No Parajana, me perguntaram: quem você acha mais chato, Lily: o Brito ou o Bial? Difícil a resposta. Mas, entre nós cá... Brito.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010


Luciana, personagem de Aline Moraes em Viver a vida, ficou tetraplégica, mas o cérebro não foi afetado. Por isso não há motivo para que seja tratada pelas profissionais que cuidam da reabilização como se ela estivesse mentalmente incapaz. Elas dizem: "Agora, vou buscar a cadeirinha e depois preparar um lanchinho". A mãe não deixa por menos: "Amanhã vamos passear, você vai tomar a sua aguinha de coco, huummmm, bem gostosa"... Luciana continua sendo adulta, não voltou a ser bebê...

Parece que os autores dos textos da novela de Manoel Carlos estão um tanto fora de órbita. Tem a Paixão (que nome!), arquiteta, logo, adulta - pelo menos se presume -, que assim que o chefe (um dos gêmeos filhinhos da mamãe) chega ao escritório, ela vira copeira (nada contra, amo as copeiras, são muitas vezes mais úteis que os outros profissionais) e diz: "Jorge, vou preparar um sanduichinho de queijo com um suco para você". Os projetos podem esperar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Macaca de Auditório


- Na novela das oito, Manuel Carlos descobriu gêmeos bobocas que embora bem sucedidos profissionalmente não saem debaixo da saia da mãe.

- Nova novela das sete começa idiota como todas as outras do horário. Aliás, como todas as outras. Ponto final.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

É ou não é?


Afinal, é permitido ciclista no calçadão? Se nãó é, a AMContra está cometendo, no mínimo, crime de responsabilidade.

Tudo por dinheiro

A AMContra voltou a cobrar a Zona Azul. Ainda dizem que a AMC não trabalha...

Neca de essencial

Enquanto o Governo do Estado quer construir um aquário faraônico e a Prefeitura insiste na dispendiosa cafonice do jardim japonês, serviço, que é bom, entre nós está cada vez mais precário. Nas barracas de praia, então, é um horror.

Sempre me recuso a falar sobre o BBB (Besteira ao cubo), mas abro exceção parabenizando os que residem no Ceará, porque na versão deste ano não há nenhum cearense participando, quer dizer, menos mal para eles.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Professor doutor

Fernando Beira Mar concluiu o ensino médio e agora quer fazer faculdade. Ora, ele é formado, pós-graduado, mestre, doutor e pós doutor na Universidade do Crime. Eita bichim esdudioso...

AMContra

Retomo a caminhada após breve recesso e, contristado, constato que a AMC (Autarquia Municipal de Trânsito Caótico e Anticidadania) não cumpre a promessa de impedir que ciclistas imbecilizados ponham em risco vidas humanas, de modo especial crianças e idosos.

De modo igual repudio outros impecilizados que, em vez de utilizarem o calçadão, preferem correr no meio da avenida, prejudicando o trânsito já conturbado.