quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Por ações e omissões

Em respeito aos 40 anos do Jornal Nacional, a TV Globo bem que podia ter valorizado a efeméride (novo, hein?), assumindo também os erros, como o fato de ter apoiado a ditadura (tudo bem que não dissesse que se serviu dela) e de ter atentado de todas as formas contra da democracia, via eleições diretas, mas, principalmente, de haver fabricado um candidato a presidente sem o menor valor moral, no caso o desclassificado Fernando Collor, privando a Nação de um debate durante a campanha, limitando-se a fazer entrevistas individuais fajutas. E mesmo quando o debate se tornou inevitável, no segundo turno, teve ainda o despudor de editá-lo (aconteceu madrugada adentro, de propósito), no horário nobre, mostrando apenas as partes negativas do adversário do candidato dela. Foram ações capazes de absolver para o resto da vida o presidente venezuelano Hugo Chávez, a quem tanto critica.

3 comentários:

Anônimo disse...

Caro Neno,
Não posso concordar mais: os dois maiores pecados da Globo (dentre tantos!...) foram o Collor e a negativa de apoio ao movimento Diretas Já. Hoje, eles têm a cara de pau de dizer que esta última acusação é falsa, que eles teriam noticiado como todas as demais redes... MENTIRA! Fizeram como fazem ainda hoje, com quaisquer eventos (esportivos, em particular) que não lhes interessem: remetem o assunto ao LIMBO! (Provocação: REPAREM NO JEITO COM QUE ELES VÃO COBRIR AS OLIMPÍADAS DE LONDRES, EXCLUSIVAS DE OUTRA EMISSORA ABERTA...). O que nós temos que ter ciência e consciência é que os órgãos da Grande media (ou será merdia?) são putas eletrônicas: pagou, eles veiculam, mas sem direito a beijo na boca... Collor (depois Fernando Henrique, depois Fernando Henrique II, depois Serra, depois Alkmin, daqui a pouco Serra de novo...) são aqueles que calham de ter maiore$ apoio$ financeiro$$$ (por que será!????), aí é CAIXA!!! Pouco importam as implicações para a democracia... O pai do Collor MATOU um Senador EM PLENÁRIO! Que se podia esperar da fruta de uma árvore destas? Depois, vieram Globo e Veja inventar os caras pintadas (lembram? Seriado "Anos Rebeldes", lembram, lembram?) para tirar o homem que elas mesmas colocaram lá!!!! CONCLAMO TODOS A PROCURAREM, NO ACERVO DE VEJA, OS TEXTOS EDITORIAIS DELA DA ÉPOCA DA POSSE DO CAÇADORZINHO DE MARAJÁS. É INACREDITÁVEL que o mesmo veículo hoje se jacta de tê-lo tirado de lá!... É por estas e outras que Veja, na minha casa, nem para calçar pé de mesa, nem para acender fogo de churrasco, nem se faltar papel higiênico...
Abraço a ti, Neno, e aos Nenófilos!
Luiz Aldo
João Pessoa - PB
luiz_aldo@uol.com.br

Alberto de Oliveira disse...

Sugiro por achar pertinente, parte de um texto meio longo (para esse espaço)de Diogo Moyses:

Símbolo maior desse poder é o fato de seu lobista-chefe ser chamado de "senador" nos corredores do Congresso Nacional. Sem nunca ter sido candidato nem eleito para cargo algum, desfruta de poderes que nenhum parlamentar possui.
O JN tem todo o direito de comemorar o que bem entender. Aliás, a Globo é perita em se auto-promover. Já fez isso em diversas ocasiões e continua a fazer com competência, posando de defensora da cultura nacional e da liberdade de expressão, além da já manjada face "solidária" que os Crianças Esperanças da vida buscam construir.
O perigo iminente disso tudo é que, em um país pouco conhecedor da biografia de seus meios de comunicação, corre-se o risco de reescrever a história. O temor não se faz em vão: como historiadores cansam de afirmar, a memória coletiva muitas vezes é fruto do legado dos mais fortes.
Mas voltemos ao nosso tema. Como era previsível, o JN tratou de lembrar das tantas ocasiões nas quais noticiou fatos da vida política, econômica, cultural e esportiva do país.
Esqueceu-se, no entanto - e ao acaso isso não pode ser creditado -, de recordar os momentos em que o telejornal global foi ele mesmo sujeito da história.
Ficou de fora da retrospectiva, por exemplo, que o surgimento e fortalecimento da TV Globo deu-se a partir de um acordo ilegal com o grupo estrangeiro Time-Life, que foi inclusive objeto de CPI no Congresso Nacional.
Esqueceram de dizer que a emissora foi criada e se fortaleceu com o apoio decisivo dos sucessivos governos militares. E que seu jornalismo, em especial o JN, ignorou solenemente as torturas, os desaparecimentos e as mortes dos que lutavam contra a ditadura, como se não tivessem acontecido.
O resgate histórico deixou de lado a tentativa de ignorar o movimento pelas eleições diretas nos primeiros anos da década de 1980, assim como a participação da emissora na tentativa mal sucedida de fraude nas eleições para o governo do Rio de Janeiro, com o objetivo de evitar a posse de Leonel Brizola.
A memória seletiva igualmente deu conta de apagar a participação decisiva do JN na eleição de Fernando Collor em 1989, quando a emissora editou de forma canalha o último debate entre Collor e Lula, além de utilizar contra o candidato petista as acusações lunáticas de sua ex-mulher e o seqüestro do empresário Abílio Diniz.
Nos anos seguintes, de forma nem um pouco sutil, foi linha de frente na consolidação da idéia - hoje comprovadamente furada - de que o neoliberalismo e a privatização de empresas estatais eram o único caminho a seguir, impulsionando a eleição e reeleição de FHC à Presidência.
Há ainda uma série infindável de episódios mais recentes que poderiam ser acrescentados à lista, como a cobertura favorável ao tucano Alckmin nas últimas eleições presidenciais. Ao contrário de outras tentativas, a tática não deu certo, graças à multiplicação das fontes de informação e, quem sabe, ao aumento da consciência política das classes menos favorecidas.
Fato é que, ao longo de toda a sua história, a Globo consolidou-se como os olhos e ouvidos da atrasada elite brasileira, cerrando fileiras contra movimentos sociais e quaisquer políticas distributivas. Em Brasília, seu "senador" é sempre recebido com afagos. Tapetes vermelhos se estendem aos seus pés. E assim, políticas que visam democratizar as comunicações do país são enterradas antes mesmo de nascerem.
É normal, compreensível até, que o JN tente recontar a sua própria história. O que não pode acontecer é que a história não contada por ele seja esquecida por nós.

Diogo Moyses é jornalista e radialista especializado em regulação e políticas de comunicação, pesquisador do Idec - Instituto Brasileira de Defesa do Consumidor e autor de A convergência tecnológica das telecomunicações e o direito do consumidor.

Victor Pinheiro disse...

blza a globo é do mal, mas e a record? q usa o dinheiro de dízimos da igreja universal para enrriquecimento...