terça-feira, 31 de julho de 2007

Por que Caminhando e cantando?

"Pra não dizer que não falei de flores", de Geraldo Vandré, foi a parte musical mais marcante do combate à ditadura militar. Entanto, eu sempre entendi que a guerra contra a ditadura não se encerra com o fim do regime opressor, sempre há algo a nos oprimir. Daí a necessidade de se lutar incessantemente contra todas as formas de preconceito, é imperioso não abrir a guarda nunca. Tem a ditadura econômica, não tão ostensiva, mas igualmente cruel. Tem esse capitalismo que nem é selvagem, mas bandido, chamado neoliberalismo, o neoselvagerismo. Falei sobre o "caminhando". O "cantando" fica por conta dos sabores da vida, cantar faz um bem danado, mesmo quando o fazemos num silêncio só nosso. E eu caminho e canto, "porque o instante existe" e a "minha vida" só será completa, quando não mais houver motivos ou menos motivos houver, para eu me indignar diante das injustiças.

3 comentários:

Marcela disse...

O seu blog não podia ter um nome melhor. Ama muito. Lolô

Neno Cavalcante disse...

pois é, Marcela, foi tudo maravilhoso, não apenas o nome, mas a idéia que você teve da marquinha, enfim, quando começar a acontecer, ninguém vai segurar. brigado!

Lina disse...

Os canhões e as flores me lembram também outra historinha, que gostaria de contar. Em dezembro de 1964, estreou o espetáculo "Opinião", show de Oduvaldo Viana Filho,Armando Costa e Paulo Pontes, dirigido por Augusto Boal e estrelado por João do Vale, Zé Kéti e Nara Leão. Desde então, Nara passou a ser uma musa de protesto e deu declarações corajosas, como a que fez para o "Diário de Notícias", do Rio: "Os militares devem entender de canhão ou de metralhadora, mas não pescam nada de política". Admirado pela ousadia da cantora o (grande) poeta Ferreira Gullar escreveu: "Moço, não se meta / Com uma tal de Nara Leão / Que ela anda armada / De uma flor e uma canção".
Lindo, não? Gullar escreveria algo assim para o papai, este, armado com letrinhas. Bjos da Lina