
É complicado fugir do factual no País onde o presidente da mais alta Corte é chamado de chefe de pistoleiros ("vossa excelência não está falando com os seus capangas lá do Mato Grosso", disse o ministro Joaquim Barbosa dirigindo-se a Gilmar Mendes) e, em vez de se defender, ri amarelado e diz que "o episódio está superado". Superado como?
Vamos a outro episódio.
1 - Na noite da quarta-feira 15, próximo ao campus da Universidade Estadual Ceará, no Itaperi, a universitária do curso de História aguardava o transporte coletivo quando foi atingida na cabeça por um disparo (bala perdida). Levada ao hospital, entrou em coma profundo e faleceu. O tiro foi desferido por um cabo da Polícia Militar que apertou o gatilho supostamente para afugentar membros (marginais) de uma torcida organizada que voltavam do estádio Castelão e atiravam pedras no coletivo onde ele viajava. Foi mais um ato desastroso da PM cearense. Até quando?
2 - Passados alguns dias, o comandante de Policiamento da Capital, coronel Sérgio Costa, foi exonerado, "medida de caráter puramente administrativo", de acordo com o secretário de Segurança Pública, Roberto Monteiro (faz de conta que eu acredito). Para o posto - e aí é que vem a estranheza geral - foi nomeado o coronel Jarbas Araújo. Não conheço o coronel Jarbas, não posso fazer sobre ele nenhum juízo de valor. A procedência é que torna a nomeação, no mínimo, inoportuna e psicologicamente perigosa: o coronel Jarbas comandava o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da Polícia Militar do Ceará. Entre os "formados" e "aperfeiçoados", incluem-se os cabos. Que tal?