terça-feira, 31 de julho de 2007

Por que Caminhando e cantando?

"Pra não dizer que não falei de flores", de Geraldo Vandré, foi a parte musical mais marcante do combate à ditadura militar. Entanto, eu sempre entendi que a guerra contra a ditadura não se encerra com o fim do regime opressor, sempre há algo a nos oprimir. Daí a necessidade de se lutar incessantemente contra todas as formas de preconceito, é imperioso não abrir a guarda nunca. Tem a ditadura econômica, não tão ostensiva, mas igualmente cruel. Tem esse capitalismo que nem é selvagem, mas bandido, chamado neoliberalismo, o neoselvagerismo. Falei sobre o "caminhando". O "cantando" fica por conta dos sabores da vida, cantar faz um bem danado, mesmo quando o fazemos num silêncio só nosso. E eu caminho e canto, "porque o instante existe" e a "minha vida" só será completa, quando não mais houver motivos ou menos motivos houver, para eu me indignar diante das injustiças.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Dizem que o sofrimento causa inspiração. Se é assim, não pode existir o sofrer. Como chamar de dor algo que inspira a viver?

terça-feira, 10 de julho de 2007

Carta ao pai

Pai:

Está sendo muito difícil morar aqui, ter que conviver com todo esse preconceito, com essa hipocrisia e principalmente ignorância.
É complicado estar perto de uma juventude tão influenciada pela televisão, que contribui para a ignorância e torna alienada a maioria das pessoas.
Ontem não foi a primeira nem a última vez que fui ofendida aqui, tive que ouvir coisas como "é uma vergonha ser nordestino". O pior de tudo é ter que ouvir isso de uma pessoa que não sabe nada do mundo, não conhece a história do seu País e nunca nem mesmo ouviu falar de "movimentos emancipacionistas". Ou seja, sou obrigada a ouvir ofensas de quem nem mesmo sabe porque está ofendendo. Como posso compreender isso?
Queria muito estar cercada de pessoas fundamentadas, pessoaas que não se prendem a preconceitos e nem a coisas tão fúteis, mas eu queria tanta coisa,né?
Uma vez você me disse que eu não posso mudar o mundo. Mas se eu pudesse, pai, se eu pudesse mudar tudo isso, com certeza eu o faria.
Antigamente, na época do Primeiro Reinado, o Brasil estava repleto de revoltas, devido a insatisfações pós-independência. Em todos os cantos havia pessoas reivindicando mudanças. Hoje em dia isso não ocorre, ninguém sabe o que está acontecendo, as pessoas são despolitizadas, conformadas...
É facil "governar" assim. Ninguém conhece, niguém reclama. Os poderosos contam com uma maioria ignorante e eu queria muito mudar isso.
Eu vou tentar, pai, lutar contra tudo isso, porque eu não posso ser feliz assim, não como a maioria, minha consciência pesa e eu não aguento tanto peso.

Lina Cavalcante, 16, em 09.10.1997

sábado, 7 de julho de 2007

eu tenho um amor.