segunda-feira, 27 de outubro de 2008

No Ceará é assim...


Em busca da sobrevivência, ante à precariedade do movimento, proprietários de cinemas do interior nordestino mudaram os nomes dos filmes, adaptando-os ao linguajar local. ´Uma Linda Mulher´, por exemplo, ficou Cabrita Aprumada. ´O Poderoso Chefão´ passou a ser Coroné Arretado. ´Os Sete Samurais´ virou Os Jagunços dos Zói Rasgado. ´Tora, Tora, Tora´ passou a ser Ô Xente, Ô Xente, Ô Xente, ´Guerra nas Estrelas´, Arranca-rabo no Céu. ´Noviça Rebelde´, Beata Encrenqueira. E, finalmente, ´Os Brutos Também Amam´ passou a se chamar Os Vaqueiros Baitolas.

Pertinentes (e às vezes inúteis) perguntas


1) Se Deus está em todo lugar, por que as pessoas olham para cima a fim de falar com Ele?

2) Como Tarzan conseguia barbear-se?

3) Por que as mulheres abrem a boca para passar creme no rosto?

4) Se casamento é bom, por que precisa de testemunhas?

5) Por que uma cenoura é mais laranja do que uma laranja?

6) Se tempo é dinheiro e eu tenho tempo sobrando, eu sou rico?

7) Como a placa ´É proibido pisar na grama´ foi colocada lá?

8) Se toda regra tem exceção, e isso é uma regra, qual é a exceção?

(Da revista ´Seleções´)

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Três amigos


JORNAL O POVO
CRÔNICA

Airton Monte


É Ave Maria e em algum lugar, bem ao longe, plange um sino melancólico. Diante de mim, uma taça de vinho expõe o meu duplo. E assim me vejo diluído: bolhas. De há muito, encontro-me desse modo comigo mesmo, mas nunca tão verdadeiramente nu. O que me olha dessa taça, decerto bastante me conhece. Sabe que sou folhas, poeira que se esvai, Sinatra cantando "Stardust". Nesse momento, abruptamente, a amada faz-me a terrível revelação, que ao mesmo tempo ressoa como um grito asfixiado de liberdade: -Vou alhures! E me sorri, cheia de graça, com um olhar melífluo entre Capitu e Mona Lisa. 

E aqui, paradoxalmente, sobra sabor, melodia, tudo inteiro, só falta meio. Antigamente havia. Tempo em que as tardes se arrastavam modorrentas e ainda se contava o tempo arrancando folha por folha do calendário. Melhor direi: meio faltava, não mais falta. Neno Cavalcante é vém chegando e pousa entre nós feito uma ave magra, mas de cântico feliz. Traz ocupadas as mãos por um bordeaux e um violão. E com ele, esse duende da alegria, o humor sempre chega à frente, posto que, ao anunciar-se, a tristeza, sentindo-se expulsa, mais que depressa saltou em pânico da sacada do apartamento. 

É sempre uma inauguração de bom humor e de espoucar de risadas quando três amigos de longa data se reencontram dentro de uma tarde qualquer desta cidade ensandecida pelo sol: um intimorato jornalista, um formidando poeta e um suburbano não de todo um mau cronista. Há quanto tempo não nos encontramos assim desprovidos de pressa, sem qualquer outro compromisso senão nos sentarmos em torno de uma mesa apenas para conversar, renovar os votos de uma longa amizade, sem nos importarmos com o tempo, o dever cívico de eleitor cumprido nas urnas e a alma subitamente livre de toda possível tristeza. 

O poeta Carlos Augusto Viana propõe um brinde a alguns amigos que já se foram para os campos do além e que ainda hoje tamanha falta nos fazem e nos conduzem aos limiares da saudade: Rogaciano Leite Filho, Antonio Girão Barroso, José Alcides Pinto. Pois é, a vida também comete lá as suas grandes e inesquecíveis traições. Então me lembro de um verso de Batista de Lima que em tudo me explica, pelo menos agora: "não sei com que roupa/vou vestir o meu dizer/palavras são poucos panos/a cobrir tantos abismos". Entanto, entre os três amigos reunidos em volta da mesa não há lugar para precipícios se somos indubitavelmente fraternos construtores de pontes.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Vinte de novembro...

JORNAL O POVO

Lúcio Brasileiro
REPORTAGEM

Vinte de novembro, este repórter, no caso, escritor, lançará seu terceiro livro, no Iate.

Título, por mim mesmo escolhido, sem consultar ninguém, “Pela Sociedade” é batismo de minha primeira coluna, na Gazeta.

No mesmo dia e hora, a partir das cinco da tarde, entrando pela noite, Neno Cavalcante autografa no Ideal.

Era... o livro dos 30. Se reporta à vocacional carreira iniciada na revista Fame, do O POVO. Aliás, eu próprio o pus lá.

Sei que vão pensar que foi tudo combinado, que irmãos da Aurora planejaram de comum acordo, jogada de marketing.

Nada disso. Mas, de todas as maneiras, quem não for aos dois, não merece nenhum.